Aristóteles e a fonte do filosofar
A FILOSOFIA NASCE DO ESPANTO
Todos os homens têm por natureza desejo de conhecer: sinal disto é o prazer produzido neles pelas sensações, já que estas, independente da sua utilidade, são agradáveis por si mesmas, e, mais do que todas, aquela que é produzida pelo olhar.
Pode-se dizer de fato, que preferimos a visão a todas as outras sensações, não só quando temos um objetivo prático, mas também quando não pretendemos realizar qualquer ação. E o motivo é que essa sensação, mais do que qualquer outra, nos permite adquirir conhecimento e nos revela de imediato uma grande quantidade de diferenças...
(...)
Os homens, no início como agora, encontram no espanto o motivo para filosofar, porque no início eles se maravilhavam diante dos fenômenos mais simples, dos quais não podiam dar-se conta, e depois, paulatinamente, se encontraram diante de problemas mais complexos, como as condições da Lua e do Sol, e as estrelas, e a origem do universo.
Quem se encontra em um estado de incerteza e de espanto acredita ser ignorante (...).
E, se é verdade que todos os homens começaram a filosofar para livrar-se da ignorância, é evidente que procuravam conhecer por amor ao saber, e não por alguma necessidade prática.
Isso pode ser comprovado também pelo curso dos eventos, uma vez que os homens começaram a buscar essa espécie de conhecimento somente depois que tiveram à sua disposição todos os meios indispensáveis à vida, assim como aqueles que oferecem comodidade e bem-estar.